Você pode até não conseguir ver o futuro, mas pode preparar-se para enfrentá-lo

Por: Deputada Federal Carla Zambelli

Gerente de projetos, ativista e política brasileira. Fundadora do movimento “NasRuas”. Em 31 de agosto de 2018, lançou seu 1º livro, “Não Foi Golpe – Os bastidores da luta nas ruas pelo impeachment de Dilma”. Nas eleições de 2018, foi eleita deputada federal pelo PSL.

dep.carlazambelli@camara.leg.br

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@CarlaZambelli17

Uma importante capacidade que um governo deve ter é a de antever cenários e planejar ações estratégicas. Por isso, reuni-me com os responsáveis da área na Secretaria-Geral da Presidência da República para entender o assunto e me colocar à disposição.

O Brasil tem tradição de não se planejar para evitar crises. Acostumamo-nos a improvisar soluções, e reverter este cenário levará tempo, mas tem que começar imediatamente. A reforma da previdência é um exemplo, visto a necessidade de planejar para que se possa lidar com o aumento da expectativa de vida.

Na Argentina, o escritor Jorge Luis Borges imaginou, no conto “O Aleph”, um personagem que descobria um degrau específico de uma escada num sótão (da casa onde vivia a mulher por quem era apaixonado) de onde se podia ver todo o Universo: passado, presente e futuro. Transposto para nossa realidade, o degrau no sótão deve permitir enxergar simultaneamente todos os cenários possíveis em cada questão de interesse do país. Deve ligar os degraus debaixo aos de cima: conectar sempre os objetivos de longo prazo (os degraus de cima) aos desafios de hoje (o degrau em que estamos).

Vários países deram um salto em direção ao progresso devido a sua capacidade visionária. Há poucos anos a Arábia Saudita investiu cerca de US$10 bilhões para criar, em Jedá, uma verdadeira cidade universitária. Os Emirados Árabes Unidos transformaram Dubai e Abu Dhabi nos maiores centros de transportes e serviços da região. Nos anos 90, Israel já tinha universidades e centros de pesquisa com incubadoras para o desenvolvimento de equipamentos médico-hospitalares avançados, produtos de informática e nanotecnologia, além da irrigação por gotejamento em áreas desérticas. Nos Estados Unidos, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (M.I.T.) abriu uma Faculdade de Inteligência Artificial destinada a preparar os “bilíngues do futuro”, com investimento estimado em US$1 bilhão. Já a Venezuela não planejou corretamente seu futuro e não aproveitou suas oportunidades. Resultado: está mergulhada em grave crise.

O planejamento estratégico visa preservar a liberdade de um país e eludir riscos de seu desenvolvimento ser submetido a controles externos. Sem uma área forte de planejamento estratégico não se conseguirá trilhar o caminho da prosperidade.

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