Fernando Marangoni

Entrevista exclusiva com o deputado federal eleito para seu primeiro mandato

A nova formação da bancada na Câmara do Deputados terá uma taxa de renovação de 39,38%, entre os parlamentares eleitos pela primeira vez está Fernando Marangoni (União Brasil), que antes de concorrer a uma vaga no legislativo atuou como Secretário Executivo de Habitação do Estado de São Paulo e Secretário de Habitação de Santo André. Em 2023 iniciará o mandato na 57° Legislatura na Câmara e conversou com exclusividade com a Pró-Governo.

1. Deputado Federal eleito Fernando Marangoni, esta foi a sua primeira campanha eleitoral e o senhor conquistou uma vaga na câmara, parabenizo pelo resultado e gostaria de saber como surgiu o interesse pelo legislativo?

Eu tenho uma história de Secretário Municipal e Secretário de Habitação de Santo André, e, tenho uma história como Secretário Executivo de Habitação do Estado de São Paulo. Durante essas duas atuações no executivo pude ajudar a criar uma série de programas novos e entregar resultados extremamente importantes. Essa atuação me motivou a ser candidato. Nunca fui candidato a nada, nem a vereador, nem a prefeito… Foi com base no trabalho prestado que o meu nome foi posto à prova.

2. Qual a sua avaliação do resultado nas urnas e quais foram os principais desafios das eleições 2022?

Fui às urnas em uma eleição extremamente difícil e fiquei muito feliz com o resultado. Foi uma candidatura que estava no espectro do centro, então em função de uma polarização muito radical que tivemos entendo que seja um voto do reconhecimento do trabalho à frente da pasta da habitação do estado de São Paulo. Todos os candidatos que não estavam em nenhuma das principais garupas, nem do Bolsonaro, nem do Lula, sofreram muito, com relação a polarização. Haja vista, a composição da câmara hoje.

3. O União Brasil terá a terceira maior bancada na Câmara, perdendo em número de parlamentares apenas para o PL (Partido Liberal), do Presidente Jair Bolsonaro e para o PT (Partido dos Trabalhadores) do ex-presidente Lula. A que o senhor atribui a força do partido que não está alinhado a nenhum dos dois principais presidenciáveis de 2022?

Eu acredito que foram as montagens das chapas, hoje o que a gente vê é que o União Brasil trabalhou muito bem, de uma forma muito orgânica e eu parabenizo a direção do partido, quanto a isso, pois o partido não estava em nenhum dos dois lados da polarização e mesmo assim conseguiu se destacar, diferente dos demais.

4. São Paulo tem 70 cadeiras na câmara, sendo que 33 ficaram com deputados que iniciarão o primeiro mandato, e, 37 para reeleitos. No estado e em âmbito nacional o número de renovações na câmara foi menor nessa eleição em comparação a 2018, o senhor faz parte dessa parcela de novos nomes. Qual a importância da renovação política na legislatura?

Na minha opinião a renovação é fundamental! O Brasil começou essa renovação em 2018, elegendo pessoas que não são do metiê político, artistas, youtubers, candidatos da mídia. Embora alguns tenham sido eleitos nessa legislatura, caíram de votos ou não foram reeleitos. A própria Joice [Hasselmann] é um exemplo clássico. Na minha visão, as Eleições 2022 começam a trazer a eleição proporcional para a raia política novamente.

5. Nos últimos anos vem crescendo o interesse do eleitorado mais jovens por temas políticos e pela participação nos pleitos democráticos. As redes sociais podem ser determinantes na manutenção desse diálogo com esse público em específico, mas como manter os jovens engajados e munidos de informações confiáveis a respeito do trabalho de um deputado federal?

Sempre atuei na secretaria dialogando, com uma política muito participativa, usando e abusando das redes sociais e plataformas digitais, trazendo, não só o jovem que está de fato mais engajado, mas toda a sociedade para contribuir e discutir as propostas

do mandato. O jovem, hoje, influencia o voto dentro de casa. Antigamente era o filho que perguntava para o pai em quem ele vota, agora você já tem pai perguntando pro filho em quem ele acha que tem que votar, essa é uma mudança geracional na política, eu acredito muito nisso. A força e a potência do jovem na participação política é algo saudável que veio pra ficar. Temos que ter uma atenção redobrada com relação àquilo que se vê na mídia, porque as redes sociais, ao mesmo tempo que representam um canal riquíssimo de informação, exigem um filtro dez vezes maior porque qualquer um publica o que quiser. É importante pesquisar bem, olhar diversas fontes de informação e o jovem começa agora a filtrar mais as notícias.

6. Durante a sua campanha o senhor reforçou a importância de Santo André, que passou 20 anos sem um representante na câmara, eleger um candidato de casa. Agora eleito, qual o peso dessa conquista e como manter o vínculo com os prefeitos e eleitores que o apoiaram?

Eu fui um candidato eleito com base no trabalho, nas entregas, atendendo as demandas, os prefeitos, os vereadores, ouvindo a sociedade, criando políticas novas. Eu creio muito que o deputado é a porta de entrada para os municípios dos programas do Governo Federal, além de participar das discussões, dos temas estruturais importantíssimos no debate no Congresso, como reforma política, reforma administrativa, reforma tributária, entre outros temas fundamentais para o Brasil. Nós vamos ter a nossa casa e o nosso Gabinete sempre de portas abertas aos vereadores e aos prefeitos. As duas regiões onde eu fui mais bem votado tinham buracos na representatividade federal. O Oeste Paulista estava há mais de 12 anos sem representatividade na Câmara Federal, região de onde vem toda minha família por parte de pai. E a região do Grande ABC, de onde é a família da minha mãe e moro atualmente. Duas regiões que sofriam há muito tempo por ausência de representatividade. E a nossa campanha vira esse jogo, fui o único deputado federal eleito da região Oeste e também o único deputado federal eleito de Santo André. Então é uma honra, no primeiro momento, mas traz uma responsabilidade muito grande de corresponder e representar duas regiões extremante importantes.

7. Com a sua experiência como Secretário Executivo de Habitação do Estado de São Paulo e Secretário de Habitação de Santo André, as causas de regularização fundiária sempre estiveram muito presentes no seu trabalho, rendendo até o título de “pai da moradia”. Pretende levar essas discussões ao Congresso Nacional?

Sem sombra de dúvidas. Temos uma regulamentação muito importante sobre a regularização fundiária em trâmite no Congresso Nacional. Fui presidente do “Cidade Legal”, que é o programa de regularização fundiária do Estado, na nossa gestão bateu recorde, são mais de 30 mil títulos de propriedades entregues no estado de São Paulo. Acredito que tenho muito a contribuir por já ter atuado na área da habitação, tanto no município quanto no Estado, pois entendo como uma das políticas fundamentais para o desenvolvimento do ser humano. Não adianta o teu filho ter a vaga na creche se ele voltar pra casa e não ter as mínimas condições de estudar, de salubridade, saneamento básico. A moradia é a base de tudo. A regularização fundiária tem impacto direto na vida da família e também reflete no âmbito coletivo, com a valorização do local. A regularização fundiária é um tema fundamental para a segurança das famílias e o desenvolvimento do país. Com certeza é uma pauta que atuarei de forma firme.

8. A proteção à mulher, vítima de violência também é uma das bandeiras do seu trabalho. Como surgiu a sua aproximação com essa pauta e de que maneira a sua atuação como parlamentar poderá fortalecer essa causa?

A afinidade com essa pauta vem de formação de caráter e de consciência. Acredito muito que lugar de mulher é onde ela quiser. Tenho três filhas e esposa, então é inadmissível pra mim qualquer forma de violência contra a mulher, isso nem deveria ser uma pauta específica, porque isso é base de respeito ao ser humano. Mas hoje a gente vive em um mundo com muitos resquícios machistas, é importante de fato pegar firme nessa pauta. Tive a oportunidade de entregar a moradia para uma mãe de seis filhos no interior de São Paulo, durante a campanha fiquei sabendo que ela foi vítima de violência doméstica,

e só conseguiu denunciar e sair da melhor maneira possível da situação em que se encontrava, porque a moradia estava em nome dela. A mulher não precisou voltar pra casa e enfrentar o agressor, ele teve que sair de casa. A proposta é estabelecer cotas nos empreendimentos habitacionais púbicos para mulheres vítimas de violência. Isso é um projeto de lei que queremos protocolar já no início do mandato.

“TEMOS UMA REGULAMENTAÇÃO MUITO IMPORTANTE SOBRE A REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA EM TRÂMITE NO CONGRESSO NACIONAL. ACREDITO QUE TENHO MUITO A CONTRIBUIR, POIS ENTENDO COMO UMA DAS POLÍTICAS FUNDAMENTAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DO SER HUMANO”.

9. Obrigada pela conversa, Marangoni. Para encerrarmos, o que podemos esperar do Deputado Federal Fernando Marangoni? Fique à vontade para deixar seu recado final para os leitores da Pró-Governo.

Quero agradecer a toda a população do estado de São Paulo, o meu maior compromisso é fazer no legislativo aquilo que foi feito no executivo: portas abertas, ouvindo a sociedade, ouvindo os gestores públicos e produzindo resultados. Eu quero ter uma intensa produção parlamentar, pra honrar com muito trabalho e transparência cada um dos mais de 89 mil e 300 votos.

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